Wednesday, March 7, 2012

Giving Up On Atheism - in Portuguese

Mateus Scherer Cardoso was kind enough to translate my article, "Giving Up On Atheism," into Portuguese. Here it is ...


Desistindo do Ateísmo
por Robert Velarde (traduzido para o português por Mateus Scherer Cardoso)

Enquanto estava no sidecar da motocicleta de seu irmão a caminho do zoológico, C.S. Lewis tornou-se um cristão. Ele mais tarde descreveu a experiência como não sendo particularmente emocional: “Era mais como um homem que, após um longo sono, ainda descansando inerte na cama, tomasse ciência de que agora está acordado.” 1
O grande pensador cristão Agostinho ouviu uma criança cantando: “Pegue e leia”. Após pegar a carta de Paulo aos Romanos e ler uma passagem, Agostinho dedicou sua vida a Cristo.
No caminho para Damasco, Saulo viu uma luz brilhante, ouviu a voz de Jesus e finalmente tornou-se um dedicado seguidor de Cristo. Saulo mais tarde ficou conhecido como o Apóstolo Paulo.
Histórias de conversão me fascinam. C.S. Lewis veio à fé através de uma jornada que o levou, entre outras crenças, pelo ateísmo, panteísmo e teísmo.2 Agostinho cresceu em um lar com um pai alcoólatra e uma devotada mãe cristã. Como muitos adultos jovens, Agostinho se rebelou. Ele eventualmente deixou sua casa e se juntou a uma seita. Paulo era um judeu e, portanto, um teísta, mas era anticristão, liderando o início da perseguição à igreja cristã e a seus membros. Sua conversão foi tão poderosa e dramática que esse homem literalmente mudou o aspecto espiritual de cada lugar que visitou.

O Caminho ao Ateísmo
Minha própria jornada ao Cristianismo teve muitas guinadas e curvas. Tendo crescido em um lar nominalmente teísta, eu tinha um senso básico mas não desenvolvido de Deus. Já que minha família nunca frequentou uma igreja regularmente, eu tinha somente uma vaga ideia de “Deus”. Eventualmente isso se transformou em deísmo — a crença de que Deus existe, mas está distante da criação e nada tem a ver com os eventos do dia a dia, menos ainda um interesse nas pessoas como um todo ou em indivíduos em particular. Pela sua própria natureza, o deísmo rejeita a possibilidade de milagres, assim como o tema principal do Cristianismo — a Encarnação.
Durante meu segundo ano de ensino médio, eu comecei a seriamente questionar a realidade de Deus. Qualquer inclinação teísta eu diminuía e eventualmente fiz desaparecer — sufocadas, na verdade, pela minha exposição à literatura ateísta de uma tendência existencialista, como os escritos de Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Eu também me deleitava nas tolices e desesperanças niilistas de Kurt Vonnegut Jr. e Douglas Adams.
O resultado final foi agnosticismo da minha parte — ou seja, eu alegava que a existência de Deus não poderia nem ser provada nem refutada. "Nós simplesmente não sabemos," era a minha atitude a respeito de qualquer coisa religiosa.
Na época em que cheguei à universidade, eu me considerava um cético. Em um dia bom me considerava como um agnóstico, enquanto em um dia ruim eu me veria como um ateu. Em qualquer caso, vivia minha vida como se Deus não existisse. Nesse sentido, eu era o que chamaria de um ateu funcional.
Em retrospectiva, eu percebo que minha rejeição ao Cristianismo provinha do que Josh McDowell considera as três desculpas mais comuns para se rejeitar Cristo: orgulho, problemas morais e ignorância. Eu não queria me submeter a nada, preferindo ter a mim mesmo como autoridade final em minha vida. Moralmente, eu não queria nenhuma interferência cósmica me dizendo o que era certo e errado. E, francamente, eu era ignorante a respeito do Cristianismo em muitas frentes, especialmente quando se referia à verdade de seus ensinamentos e a evidência por trás dele.

Os Argumentos
Embora muitos dos meus argumentos contra o Cristianismo eram da variedade do “espantalho”3, vários eram argumentos legítimos que têm existido por eras passadas e continuam a existir. Limitarei meus comentários em duas das mais significativas questões que eu tinha. Primeiro, eu não acreditava na existência de Deus; segundo, eu acreditava que o problema do mal e do sofrimento era um que o teísmo não podia superar.
Os argumentos positivos para a existência de Deus que influenciaram minha conversão incluem o argumento da existência do universo (cosmológico), o argumento da existência (ontológico), o argumento do design (teleológico) e o argumento da moralidade (axiológico). Não foi até um pouco depois da minha conversão que aprendi que não há somente muitas variações a cada um destes argumentos, mas que há também um grande número de argumentos adicionais para a existência de Deus.4
Trocando em miúdos, o argumento cosmológico alega que tudo que tem início tem uma causa. Já que o universo teve um início, ele deve ter tido uma causa. A melhor explicação para esta causa é um ser poderoso e pessoal (isto é, Deus). O muito caluniado argumento ontológico, explorado primeiramente por Anselmo, é na verdade muito inteligente. Infelizmente, não tenho o espaço para ir às suas nuances aqui. Ele essencialmente demonstra Deus com base na ideia de Deus.
O argumento do design me influenciou mais do que os dois argumentos anteriores. Este argumento alega que qualquer coisa que exiba as qualidade de um design inteligente deve ter sido projetado. Já que o universo exibe sinais de design inteligente, deve haver um Designer Inteligente.
Finalmente, o argumento moral me influenciou significativamente. Uma das minhas muitas objeções ao Cristianismo era de que eu não conseguia reconciliar a ideia de um Deus amoroso e todo-poderoso com a realidade do mal e do sofrimento.
Foi enquanto estava lendo Mero Cristianismo que eu encontrei uma dificuldade real no meu argumento. Como eu obtive essa ideia do mal? Para alegar que algo é mal, alguém deve ter um padrão do bem. Como C.S. Lewis colocou: “Um homem não chama uma linha de torta a menos que ele tenha a ideia de uma linha reta”.5
O problema do mal, então, requer um reconhecimento de que o bem e o mal existem. Os ateus são deixados com o que alguns filósofos chamam o problema do bem. Como pode um ateu chamar algo de bom ou de mal com base em uma visão de mundo que exclui padrões absolutos?
Finalmente, eu reconheci que o ateísmo não era uma visão de mundo viável. Embora eu rejeitei o ateísmo, eu ainda tinha que aceitar o teísmo, e ainda mais o Cristianismo.6

As Pessoas
Além dos argumentos racionais e da evidência, encontros com pessoas também tiveram um papel importante na minha conversão. Os escritores do Novo Testamento me apresentaram à pessoa de Jesus Cristo. Eu tinha ridicularizado o Cristianismo e os cristãos — escarnecendo-os com insultos geralmente dirigidos aos seus supostamente intelectos inferiores — mas quando comecei a ler os Evangelhos e encontrei estes poderosos registros da vida de Jesus, eu encontrei mais pelo que eu tinha barganhado. Quando comecei a ler Mero Cristianismo, como mencionei anteriormente, minha visão de mundo precária se tornou ainda mais ameaçada.
Eu tomei conhecimento de C.S. Lewis quando um amigo cristão me deu um exemplar de Mero Cristianismo. À medida que o lia, encontrei um paradoxo. Ali estava uma pessoa obviamente inteligente, sagaz e articulada que também era um cristão. Como poderia ser isso?
É claro que não foi somente escritores mortos que me influenciaram. Houveram cristãos vivos e que respiravam que, de várias formas, me empurraram para mais perto da verdade. A sua paciência e orações certamente desempenharam um importante papel na minha conversão ao Cristianismo.

A Verdade
Ao final, toda visão de mundo que eu tinha ou aceito ou estudado não sobrevivia ao teste da coerência. Elas todas colapsavam em áreas significativas — todas, exceto o Cristianismo. Eu estava acuado. Eu poderia ou desafiar a realidade do Cristianismo e permanecer, inexplicavelmente, um agnóstico ou ateu, ou poderia reconhecer a verdade do Cristianismo. Eu escolhi, a princípio relutantemente, a última opção.
Passaram-se 17 anos desde a minha conversão ao Cristianismo, e, quanto mais eu aprendo sobre suas visões de mundo, mais me convenço de que Cristo é de fato “o caminho e a verdade e a vida” (João 14:6).
Enquanto que a conversão cristã varia de pessoa para pessoa — se ocorre no sidecar de uma motocicleta ou como resultado de uma poderosa visão a caminho de Damasco — uma coisa é certa: as pessoas experimentam mudanças significativas de visão de mundo em direção ao Cristianismo.
Como um apologista e filósofo cristão, eu creio que a conversão ao Cristianismo está fundamentada na verdade — na validade de uma visão de mundo intelectualmente robusta da realidade. E que, combinada com uma variedade de fatores, é o porquê de eu ter desistido do ateísmo.
* * *
  1. Surprised by Joy (New York: Harcourt, 1956), página 237.
  2. O ateísmo nega a existência de Deus, enquanto que o panteísmo vê tudo como divino. Os teístas creem em um Deus pessoal, transcendente.
  3. Na lógica, a falácia do espantalho ocorre quando alguém argumenta contra uma posição que não verdadeiramente representa a posição contra a qual alguém está argumentando. Em vez disso, a posição defendida é frequentemente caricaturada e apresentada como mais fácil de ser refutada do que realmente é.
  4. Dois recursos úteis para fornecer um resumo dos argumentos para a existência de Deus incluem o Handbook of Christian Apologetics, de Peter Kreeft e Ronald Tacelli (InterVarsity) e 20 Compelling Evidences That God Exists, de Kenneth Boa e Robert Bowman, Jr. (River Oak). Para uma excelente crítica do ateísmo, leia Não Tenho Fé Suficiente para Ser Ateu, de Norman Geisler e Frank Turek (Editora Vida).
  5. C.S. Lewis, Mero Cristianismo (Editora Quadrante), página 45, tradução livre.
  6. Ainda, eu tinha um senso de desejo por algo a mais. Após mais divagações espirituais e intelectuais, terminei aceitando o panteísmo, resultante de minhas afinidades com o que era conhecido pelo movimento Nova Era. Aquilo era algo que prometia realização espiritual sem as demandas do Deus do teísmo. Mas eventualmente descobri que o panteísmo era tão inviável quanto o ateísmo. Entre outras coisas, também tinha o problema do bem, assim como o do mal.

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